O ETNZ segundos antes de descer dos fólios na segunda regata do dia.

Muita emoção, mas por motivos inesperados

O 5o. dia da 36a. America’s Cup em Auckland, Nova Zelândia foi repleto de emoções.

A previsão era de ventos mais fortes para o dia e na primeira regata, os anemômetros registravam velocidades entre 10 e 12 nós, o que teoricamente favoreceria o ETNZ. No entanto O LRPP apostou em uma diminuição da pressão do ar durante a regata, e largou usando a sua maior buja, enquanto o ETNZ estava com a buja no. 3. Uma curiosidade que ouvimos nos comentários, é que uma buja maior no vento forte é uma desvantagem muito maior do que nos veleiros tradicionais, pois, com ventos relativos no contravento, muitas vezes acima de 50 nós, o arrasto toma proporções gigantescas.

Vimos mais uma boa largada de Spithill/Bruni, que veio muito rápido de mais longe, enquanto Burling segurava seu ETNZ para não queimar a largada. Os dois barcos cruzaram a linha ao mesmo tempo, no entanto a diferença de velocidade era muito grande. Enquanto o LRPP cruzava a 31 nós, o ETNZ ainda estava acelerando, saindo de cerca de 22 nós.

Isso deu ao barco italiano uma vantagem na primeira passagem no gate de barlavento de cerca de 6s.

O ETNZ começou a tirar a vantagem na perna com vento de popa e, ao montar a 2a. boia de sotavento, Spithill/Bruni fizeram uma manobra arriscada, dando um jaibe para aproveitar a maior pressão de vento que imaginaram existir no lado esquerdo da raia, abrindo mão de valiosa vanatgem para o ETNZ.

Em uma manobra tão ousada quanto, Burling montou a boia e logo em seguida deu um bordo se dirigindo ao lado direit0 da raia, provavelmente pressentindo uma rondada de 15 graus no vento e aí ultrapassou os italianos. É nítido o quanto a execução das manobras do ETNZ melhorou no decorrer da competição.

A partir daí, a distância só aumentou, até a vitória do veleiro Neo Zelandês, com vantagem de 58s, o que deixou o placar da competição em 4 a 3 a favor do ETNZ.

O vento continuou a diminuir e na largada da 8a. regata, havia muitos buracos de vento por toda a raia.

Ambos os veleiros largaram bem, cruzando a linha simultaneamente e em velocidades parecidas. Bruni/Spithill usaram a melhor orça do LRPP para forçar o oponente a dar um bordo em direção ao lado direito da raia, teoricamente com menor pressão de ar.

Como resultado, vimos o LRPP cruzar 0 10. gate com vantagem de 15 s. Com o vento instável, parecia uma missão quase impossível para os neo-zelandeses ultrapassarem o time italiano. Uma buja muito aberta do LRPP sinalizou algum problema com o ajuste das velas, e o ETNZ se aproximou muito, a ponto de dar um jaibe quase em cima do barco italiano.

E aí o caos se instalou no ETNZ. Uma combinação infortuna de ar sujo com um buraco de vento, fez com que o barco tocasse a água e ficasse em velocidade de deslocamento durante vários minutos. Os italianos, tendo resolvido o problema da buja, voaram em direção ao 2o. gate , abrindo incríveis 2.000m e 4 minutos de vantagem sobre os adversários. Muitos dos que estavam assistindo imaginaram que o dia terminaria em mais um empate no placar.

Pouco antes de cruzar o gate número 4, no entanto, aconteceu o impensável: o LRPP deu um jaibe, indo parar direto em um buraco de vento e caiu dos fólios. Como estavam com uma vantagem de 4 minutos para o ETNZ, Bruni/Spithill resolveram passar pelo gate sem voltar a planar, e isso provavelmente lhes custou a regata. Ficaram “grudados”na água por quase dez minutos, dando chances para o ETNZ recuperar o tempo perdido e tomar a dianteira.

Nesse momento, a organização anunciou a redução de uma perna na duração da regata, devido à deterioração das condições meteorológicas.

O desespero para voltar a subir nos fólios era tal, que os italianos nem se importaram em “furar” os limites da raia por duas vezes, tomando penalidades .

Enquanto isso, o ETNZ mantinha-se em seu equilíbrio precário em cima dos fólios, executando cada manobra com extremo cuidado, levando seu veleiro para a segunda vitória do dia, aumentando o placar da competição para 5 a 3. Lembrando que o primeiro barco a chegar a 7 vitórias ganha o direito de manter a taça por mais 4 anos…

Que dia para os neo-zelandes. No entanto, é certo que no galpão dos italianos as armas para mais um dia de disputas acirradas estão sendo afiadas!

Não percam as regatas de amanhã, terça-feira, que se iniciam a partir das 16h15, horário local (00h15 horário de Brasília).